terça-feira, 1 de setembro de 2009

Garagem/Bar/Restaurante.

Um fim de semana desses, alguns amigos e eu fomos à Acuruí, um vilarejo que pertence à cidade de Itabirito, para estrearmos o carro que o Ganso, um amigo meu, acabará de comprar. O percurso até lá era uns 30 km de estrada de terra, cheia de subidas e descidas, tendo como paisagem os mares de morros de Minas. Após comer bastante poeira chegamos à Acuruí, que era pouco mais que uma rua comprida com casas e alguns estabelecimentos em volta e uma igrejinha no fim.
Resolvemos parar o carro e andar pela rua para apreciarmos o local, que não tinha nada de mais, mas trazia aquele ar de passado, de cidadezinha do interior. Procurávamos um restaurante, pois queríamos simplesmente pegar uma estrada de terra, almoçar em algum lugar distante e voltar. Então ao passar em frente a um estabelecimento com a placa “Mercearia e Bar”, me lembrei das piadas que fazíamos na faculdade para um colega meu, o Calouro.
O Calouro morava em Itabirito (coincidentemente) e sempre dizíamos que era cidade do interior, daquelas que não tinham casas suficientes para todos os estabelecimentos, então existiam a padaria/açougue, a sapataria/farmácia e por aí ia. Ele ficava puto com a brincadeira. O Renan para pentelhar um pouco mais chegou com a piada:
_ Em Itabirito só existia um carro, então eles colocaram uma placa de mão única na única rua da cidade e ele nunca mais voltou!
O Calouro tentava se defender, sempre alegava que Itabirito é muito maior que Rio Acima, minha cidade, e de fato é, mas eu negava só para deixá-lo mais zangado. Até que em um belo dia, a turma da psicologia vai para Rio Acima fazer um churrasco, e a Débora, outra amiga minha que também é de Itabirito, leva sua irmã. Carne e cerveja rolando, conversa vai, conversa vem, então o Renan pergunta à irmã da Débora em que ela trabalhava, e ela responde:
_ Eu trabalho em uma livraria.
_ Em Itabirito tem livraria? - pergunta o Renan com espanto irônico.
_ Tem sim, e além de livraria é também um café e uma lan house! – responde ela tentando contar vantagem, mas para nós não tinha piada melhor. O coitado do Calouro teve que continuar aguentando as piadinhas dos estabelecimentos multiuso.
Por isso, ao ver a placa, que na verdade nem era placa, mas sim uma pintura na parede, que trazia o texto “Mercearia e Bar” eu brinquei na hora:
_ Olha uma mercearia/bar/farmácia/padaria! – surgiram risadas, mas por um instante eu tive a impressão que estavam imaginando alguém entrando no estabelecimento e pedindo:
_ Por favor, me vê um remédio para gripe suína, dez pães e uma cachaça.
Depois do comentário a gozação começou, todo o estabelecimento que encontrávamos (uns três ao todo!) tinha múltiplas funções, ainda mais quando encontramos o restaurante que iríamos almoçar. Era um bar e restaurante em uma garagem. (Que, façamos justiça, tinha uma comida muito boa!)
Surgiu a feira/açougue/oficina mecânica e até a igreja/hospital/cemitério/cartório. Mas se pararmos para pensar observe a utilidade deste último.
Se a pessoa está muito doente ela vai para a igreja/hospital/cemitério/cartório. Caso ela não sobreviva, eles já enterram, rezam a missa e liberam a papelada, no dia seguinte a herança já está repartida entre todo mundo e caso encerrado. Se alguém nasce, já registram e batizam em seguida. E nós achamos que somos muito avançados com nossos estabelecimentos separados.
Almoçamos e pegamos a estrada de volta. Talvez voltemos em um dia de festa, temos que descobrir qual é o santo ou santa padroeira da cidade. O Dé sugeriu que poderia ser São Pedro/São Vicente/Nossa Senhora de Fátima, mas é melhor conferir direitinho.
No fim das contas, foi bem divertido nosso passeio ao pequeno vilarejo/distrito/bairro/rua única de Acuruí, com seu ar de interior, de coisa simples, de vidinha tranquila e quantas outras /’s você puder imaginar.

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